quarta-feira, 19 de outubro de 2011

(DeZ)educar

"Não se aperfeiçoa o ser humano para ele mesmo e sim para a sociedade".

          Não consigo recordar por quem estas palavas foram proferidas, mas consigo afirmar com propriedade que elas entraram e ecoaram em minha mente como um grito dado da beira de um penhasco.
       Durante o bate papo de hoje, dialogamos um pouco sobre a forma como a educação é a nós transmitida e, infelizmente, ao contrário do que diz a citação, a conclusão que pude tirar foi de que a terrível herança capitalista do lucro, do status, do ter, está impregnada na forma de fazer educação como se fosse um chiclete velho grudado na calça jeans. As pessoas não são educadas para viver em grupo, conviver harmonicamente com as particularidades do seu semelhante. A educação dada ao indivíduo contemporâneo tem sido para corresponder as suas próprias expectativas, não para entender o mundo e sim para tê-lo seja possuindo um carro, um imóvel, ou qualquer outro objeto que possua algum valor monetário atribuído por um pedaço de papel que nós criamos, e que nos escraviza. Ela tem sido oferecida, na maioria das vezes, não para ensinar a pensar e sim para ensinar enfadonhamente o exercício da mera repetição de  informações como se fossemos papagaios - que não raciocinam, apenas reproduzem o que o dizem.  
    Enquanto discutíamos sobre a questão do Educar, lembrei-me de um vídeo que há muito fui convidado a assistir e que coincidentemente abordava a mesma temática da nossa deliciosa aula. Não hesitei em compartilhar com vocês. Vejam:

Talvez, assim como eu, você tenha logo pensado: "poxa, tudo isso aí é a mais pura verdade". Ou talvez não.        Como aprendido na aula de hoje, a Educação provém das palavras latinas Educare e Educere. O primeiro tem como significado a transmissão da informação de fora para dentro do indivíduo. O segundo, ao contrário do primeiro, tem o significado de externar os valores e conhecimentos, ou seja, por para fora do indivíduo seus conhecimentos prévios de mundo e sentimentos para que assim, haja a construção do saber e do pensar.
      Mas como vimos no vídeo, há, no contexto da educação, a supervalorização do Educare. Há uma preocupação exacerbada em bombardear o aprendiz de informações - que por vezes nada informam.  A preocupação pela quantidade (nota) em vez da qualidade (saber), oculta o Educere, que deveria ser o objeto primário para a construção de um ser humano educado NA sociedade e PARA ela, pensante e repeitador das particularidades de outrem.
       A aula de hoje me fez (re)pensar enquanto aspirante a educador, que tipo de profissional pretendo ser futuramente, qual contribuição pretendo dar para construção de seres pensantes, questionadores. E como forma de resposta aos meus pensamentos, mais uma vez palavras proferidas por sei lá quem foram a minha resposta. " A prática de cada educador depende da concepção que ele possui". Para mim, está citação é o complemento daquela lá no topo desta página.
        Só existirá seres aperfeiçoados para viverem coletivamente, em sociedade,  quando houver educadores - neste contexto, todos que contribuem para a formação do caráter e dos valores morais de uma pessoa- que prezem a princípio o que está dentro de cada um (Educere) para só depois, aplicar o que está de fora para dentro (Educare). Assim, em harmonia e consonância, contribuiremos para a formação de pessoas melhores, verdadeiramente educadas. É esse o profissional que pretendo ser. 

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