quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Aprender, conhecer, VIVER

           Tudo na vida é aprendido. Desde a mais tenra idade, o aprendizado é fundamental para que tenhamos êxito na longa caminhada da vida. Aprendemos a ser, a conviver, a  fazer, a conhecer. Esses saberes são os "materiais" fundamentais para a construção de pilares sólidos e resistentes que sustentem o caráter e os valores morais de quem quer que seja. São eles o concreto forte que dão suporte a educação. 
        No bate-papo de hoje, enquanto alguns grupos apresentavam seus trabalhos, me pus a fazer inacabáveis reflexões e associações acerca do que era dito com algumas experiências pessoais . Em especial, o grupo que com maestria apresentou o pilar " Aprender a Conviver" , me fez atentar ainda mais ao que era dito. No momento da apresentação, lembrava-me dos 3 anos que morei em regime de internato. Nesse momento, me veio à mente algumas lembranças do meu primeiro dia de confinamento. Lembro-me que naquele dia 25 de fevereiro de 2008, um dia nublado, minha mãe e meu irmão menor foram à minha despedir. Eu sentia um misto de alegria por estar dando os meus primeiros passos longe de casa, de tristeza por saber que não estaria perto da minha família quando a saudade e as dificuldades apertassem e medo por não saber o que estava por vir. Recordo-me que no momento que os diretores sorteavam o número dos dormitórios, ao meu lado tinha um rapaz que aparentava ter aproximadamente 22 anos, alto, forte, cheio de tatuagens pelo corpo, com uma carteira de cigarro na mão e mais ou menos umas 500 na bolsa. Acho que foi o momento que mais estive contrito com Deus, pedindo-lhe que aquele rapaz não fosse meu companheiro de dormitório. Não sei por que mas automaticamente  uma figura negativa do rapaz se formou em minha mente. Mas como isso era possível se eu nem o conhecia? O preconceito foi maior e acabei julgando o livro pela capa. Por um momento achei que Deus não estava de bem comigo naquele dia. A voz estridente do diretor quando gritou o nome do rapaz e o número do dormitório 4 - o mesmo que o meu - soou como uma bomba explodindo próximo aos meus ouvidos. Naquele momento eu começaria aprender a viver junto, a respeitar, a conhecer, a ser. Com o passar do tempo, e a medida que eu o conhecia melhor,  o preconceito gratuito que eu tive a respeito do rapaz no primeiro dia de confinamento foi se desfazendo, consegui enxergar o que ele trazia de bom consigo independente das suas ações ou do seu jeito de se portar. Imaginei que assim como ele era estranho para mim, eu poderia ser estranho para alguém. Ao longo daqueles 3 anos, o convívio com as diversidades me fez (re)pensar acerca dos meus (pre)conceitos e a buscar naquele rapaz outrora estranho, e em muitas outras pessoas que não agiam da mesma forma que eu, o que cada um trazia de bom consigo, qual a lição que cada um deles poderia me ofertar. 
              Eu sequer sabia da existência de 4 pilares da educação, mas mesmo sem que eu soubesse, eles foram a base do sucesso de 3 anos de convivência harmônica, pacífica e de respeito mútuo. Na aula de hoje consegui entender o que naquele momento me fez parar e pensar em mudar minha forma de olhar. 
              Que sejamos instrumentos de propagação do  aprender a Ser, a conviver , a fazer e a conhecer. Que nossas ações estejam pautadas em cada um desses pilares e que assim como eu tive a oportunidade de aprendê-los a partir das minhas experiências, muitos outros tenham o mesmo privilégio. Através desses pilares chegaremos a verdadeira educação.

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